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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vitória do Botafogo faz Totó querer matar Jilozinho

Fui dormir tarde, adrenalina lá em cima após  a vitória do Botafogo sobre  Grêmio ontem à noite. Só consegui pegar no sono por volta das quatro da manhã. Às cinco e pouco toca o telefone, era Totó, meu amigo flamenguista de São José do Calçado, minha querida terra natal. Revoltado com Jilozinho, botafoguense desabrido e pinguço das mais nobres castas calçadenses. Mas vamos ao telefonema do Totó:
- Toinha!...seu filho dum'égua eu vou matar o Jilozinho e a culpa é sua que fica protegendo aquele desavergonhado, está aqui na porta de casa bêbado com aquele cachorro pinguço ( Foguinho,  cachorro bebum e tarado do Jilozinho ) já tem mais de duas horas,  a caixa de som do Menininho ( fusquinha 1961, azul-calcinha ) ligada na maior altura tocando a nojeira do Hino desse time nojento que vocês torcem, quando para começa a tocar o funk Parado na Esquina, depois aquele musiquinha enjoada da torcida da cachorrada, E Ninguém Cala...eu vou é calar a boca dele com um tiro no meio das fuças, a Menga ( galinha de estimação do Totó) está aqui desesperada para ir atrás do Foguinho, o disgramento "aviciou" à pobrezinha que não pode ver o vira-lata que vai logo levantando o rabinho. Eu tô avisando: vou matar o Jilozinho!
- Mas Aristides, eu estou em Niterói, na minha casa, são cinco da manhã e você me liga a cobrar para me dar esporro por causa do Jilozinho, o que eu tenho com isso? Chama à polícia!
- Cala a boca! Eu ligo a hora que quiser, o telefone é meu e você não me interrompa quando eu estiver falando, a culpa é sua que vive acobertando às safadezas dele comigo e você é tão safado e nojento quanto ele com essa nojeira de Botafogo e tem mais: não acredito que você não bebe há 17 anos e parou de andar com aquela piranhada que você andava. Quem puxa aos seus não regenera ( acho que ele quis dizer degenera, mas acertou, de qualquer forma ), além do mais o viado do delegado daqui também é botafoguense doente e companheiro de esbórnia do Jilozinho, se bobear tá lá fora bêbado com ele. Eu vou lá jogar água fervendo nele e no Foguinho e acabar com o furdunço aqui na porta de casa. Safado!
E desligou o telefone, na minha cara. Como sempre.

Totó, Sir Zatonio Lahud e Jilozinho
                                                                            

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

De Botafogo a Otaogo, uma noite memorável

Após vencermos a Segunda Guerra Mundial como mostrei em crônica anterior ( O Botafogo venceu até Hitler ), fomos responsáveis pela conquista dos três primeiros títulos mundiais conquistados pelo Brasil que vivia humilhado por nunca ter conquistado uma Copa, chegamos próximos em 1950, aqui mesmo no Brasil, tínhamos uma excelente equipe, cuja base era formada por jogadores do Bacalhau, o que foi nossa desgraça, faltou-nos o destemor, a ferocidade e o brilho fulgurante da carismática Estrela Solitária a iluminar os corações e a alma de nosso time. Perdemos!
Como todos os grandes herois, nós botafoguenses, também sofremos nossas vicissitudes e suportamos vinte anos de desgraça, humilhação e vergonha, qualquer outro teria sucumbido irremediavelmente, mas nós somos o Botafogo, nossas glórias não foram conquistadas graças ao apito de juízes amigos, como alguns clubes que conhecemos, mas com luta, suor,  sangue e coragem. Pois bem, após vinte anos de diáspora, venderam na calada da noite até nossa Terra Santa, o sagrado solo de General Severiano, eis que chega o dia da redenção: 21 de junho de 1989! Mas não é do jogo que vou lhes falar, a heroica epopeia é por demais conhecida, vou contar-lhes é a história do Ferrugem, velho amigo lá de São José do Calçado, querida cidade capixaba onde nasci. Quando da decisão de 1989, com o time lá da Gávea(pobre Gávea, um bairro tão bonito!), vieram lá de Calçado uma troupe de uns dez valorosos pinguços alvinegros; o chefe da etílica delegação era o Ferrugem, como eram dois jogos chegaram no sábado, véspera da primeira partida e ficaram hospedados no Hotel do Tonicão, ou seja, lá em casa. Tonicão era meu pai. A bem da verdade, aquilo estava mais para uma grande zona do que para hotel.

Ferrugem, como o apelido já diz, tem cabelos ruivos, cerca de 1,68 e uma barriga que é cópia fiel de um barril de chopp e, detalhe mais importante para nossa história, não pronuncia as letras B e F, é o famoso língua presa. Quando o árbitro encerra a mais gloriosa das partidas, o Maracanã se transforma em um imenso transe coletivo, éramos novamente, como desde sempre, campeões! Todos se abraçam, formando um só corpo de cinquenta mil alvinegros, foi um espetáculo indescrítivel. Após abraçar todo mundo procuro pelo Ferrugem, olho para um lado, para o outro, para baixo…e… nada… até que olho para cima e me deparo com uma das cenas mais hilárias que já vi na vida: nosso pançudo heroi estava de joelhos, a bem cuidada pança arrastando no chão, braços abertos como Cristo crucificado- no caso em tela a cruz teria de ser de ferro, de madeira quebraria com o sobrepeso de nosso obeso personagem-, lágrimas escorrendo em cascata- lágrimas amarelas e espumantes, nunca vi nada igual, lágrimas de cerveja-, e o gran finale, como já lhes disse o Ferrugem engole as letras B e F, e cantava  a plenos pulmões o hino do Botafogo: otaogo…otaogo…campeão desde 1910…e gritava…ooooooooooogo!!!…ooooooooooooogo!!!….otaogo…otaogo…campeão….oooooogo!!!

Olhei o triste quadro, chamei o Pedrinho e disse:- Olha a situação de nosso amigo. Pedrinho olhou, começou a rir e disse: – Vamos lá pegar ele! Fomos, o abraçamos, seguramos um em cada braço dele, o levantamos e saímos, noite adentro, comemorando o fim da saga botafoguense. E o Rio amanheceu cantando o glorioso hino alvinegro: otaogo…otaogo…campeão desde 1910…otaogo…