Encontrei-me com o Carioca no final do jogo Botafogo 4 x 0
Ceará, no Oxênte, bar de baiano e reduto da torcida VitóriaFogo aqui em Vitória. Pó , Gilberto,
esse time vai ser campeão, tá jogando pra carr...., dizia Carioca naquele
jeitão todo característico. Lembrei do dia que nos encontramos no Maracanã.
Tarde de sábado, sol à pino, marcamos de nos encontrar no
bar dos vovôs, penúltimo bar à esquerda no anel inferior do Maracanã, entrando
pela rampa que dava para a estátua do Mané Garrincha. Toinha e Pedrinho vinham
de Niterói, eu saia da Rua Silva Teles, na Tijuca, e nos encontrávamos no bar
dos vovôs, dois senhores de cabeça branca, torcedores do América. Antes de
iniciar os trabalhos para bebemorarmos o jogo, passamos no túnel que leva às
arquibancadas, só para ver o movimento. Ainda nem havia começado a preliminar
do jogo entre os juniores do Botafogo e Olaria. Foi nesse momento que
encontramos o Carioca sentado na arquibancada.
Uma ressaca havia pego o Carioca desprevenido, e ele teve
que prometer para a esposa Carlota, que não iria beber naquele dia lindo,
ensolarado e quente. Era promessa de pé junto, o problema foi ter nos
encontrado. Voltamos para o bar dos vovôs e enchemos nossos copos de cerveja.
Carioca tomou poucos copos e parou. Lembrou da promessa feita. Quando começou o
jogo principal, já estávamos achando que o nosso ataque, formado por Cremilson,
Tuca e Puruca não devia nada aos dos outros times. Senhor, perdoai aqueles que
nos tem ofendido, e livrai-nos de todo o mal. Amém!
Despedimo-nos dos vovôs, enchemos nossos copos e subimos
para as arquibancadas. Carioca perguntou se não estávamos esquecendo de pagar a
conta. Toinha disse que só pagaríamos a conta no intervalo do jogo. Carioca
ficou possesso. Por que não falamos com ele sobre esse detalhe da conta? Ué,
você não disse que não iria beber? Quando um não quer, os outros três bebem por
você! Carioca desceu o túnel, voltou no bar dos vovôs e trouxe 3 copos cheios
de cerveja. Ficou nesse vai e vem durante todo o primeiro tempo.
No intervalo do jogo, voltamos ao bar, pedimos algumas
saideiras e pagamos a conta. Carioca confessa, preocupado. Havia prometido para
a esposa que não iria beber e agora ele estava daquele jeito. Pedrinho até
sugeriu que fossemos até a casa do Carioca, no Andaraí, para ajudar nas
justificativas. Pressentindo o desastre, Carioca encerra o assunto com a
seguinte justificativa: Toinha, a Carlota já não quer ir para Calçado, nos
feriados, porque eu faço conta naqueles botecos todos. Se ela fica sabendo que
eu abri uma conta no bar do Maracanã, ai eu tô perdido. Deixa que eu vou
sozinho, a Estrela Solitária me conduz.
Obs: Crônica escrita por Gilberto Vieira de Resende, meu amigo Juquita, companheiro de longas jornadas etílicos-alvinegras atrás de nosso amado Botafogo. Se algum botafoguense quiser enviar uma história interessante com o Botafogo é só enviar para botafoguismoradical@r7.com que publicaremos aqui.