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quarta-feira, 13 de maio de 2015

O dia em que o Botafogo fez o Flamengo dar volta olímpica de ré

O dia em que o Botafogo fez o Flamengo dar volta olímpica de ré

Em 18 de setembro de 1968 o Botafogo protagonizou um fato inédito na história do  futebol: foi a primeira vez que um time, o Flamengo, teve de devolver uma volta olímpica. É isso mesmo que estão lendo: nós fizemos os urubus darem marcha-ré em uma volta olímpica.
Eu vos explico: à época, a Taça Guanabara era um campeonato separado do Estadual e tinha muito mais valor que hoje. O Flamengo venceu o Fluminense por 2 x 0 e  igualou-se em número de pontos ao Botafogo, mas tinha um jogo por fazer contra o Bonsucesso. Encerrada a partida com o Flor, os pacatos e ordeiros torcedores da "NaSSão", fizeram uma imensa festa no Maracanã comemorando o título. Com direito a volta olímpica, foguetório na cidade, choro do presidente da Flapress, Renato Maurício Prado, o diabo a quatro...  O Botafogo foi para Goiás fazer um jogo amistoso.
Na quarta-feira à noite, Maracanã abarrotado de urubus para receberem as faixas de campeão e a taça. Festa pronta. Só esqueceram-se de combinar com o valoroso esquadrão do Bonsuça, que lhes meteu um glorioso e inesquecível 2 x 0 no meio das fuças. Com o inesperado resultado, Botafogo e Flamengo terminaram empatados e foi necessário realizar um jogo extra para decidir o torneio.
Voltamos às pressas de Goiás para a decisão e demos um show: 4 x 1, gols de Gérson( 2 ), Zequinha e Roberto para nós, o deles não sei e não quero saber quem fez.
Depois da partida, Gérson, o canhotinha de ouro e capitão do Botafogo, se dirigiu ao capitão Rubro-Negro e exigiu que devolvessem a volta olímpica antecipada que haviam dado no jogo com o Flor.
E assim foi feito, os urubus deram uma volta olímpica ao contrário- de ré!-, sob sonoras gargalhadas da torcida do Fogão.

Dados da partida:

BOTAFOGO 4x1 FLAMENGO
» Gols: Gérson 9’ e (pen.) 74’, Zequinha 65’, Roberto 81’ (Botafogo) Dionísio 61’ (Flamengo)
» Competição: Taça Guanabara (decisão)
» Data: 18.09.1968
» Local: Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro
» Renda: NCr$ 331.583,25
» Público: 94.535 pagantes
» Árbitro: Armando Marques
» Botafogo: Cao (Wendell), Moreira, Zé Carlos, Leônidas (Dimas) e Waltencir; Carlos Roberto e Gérson; Zequinha, Roberto, Jairzinho e Paulo Cézar. Técnico: Mário Zagallo.
» Flamengo: Ubirajara Alcântara, Murilo, Onça (Jorge Andrade), Guilherme e Paulo Henrique; Carlinhos, Nelsinho (Dionísio), Liminha e Rodrigues Neto; Silva Batuta e Fio Maravilha. Técnico: Válter Miraglia.
Obs: 1. O Flamengo jogou de branco; 2. Gérson cobrou dois pênaltis: o primeiro aos 49’, Ubirajara Alcântara defendeu; o segundo ele converteu aos 74’.
os dados da partida peguei no excelente blog Mundo Botafogo

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Botafogo:Vitória de campeão! Estou exausto!

Anotem aí: o Botafogo vai ser o campeão brasileiro de de 2011!
Vencemos o adversário mais difícil de ser batido em seus domínios.
Um jogo de tirar o fôlego no segundo-tempo, mas vencemos jogando com inteligência e raça, um golaço do nosso Loco Abreu, em magistral jogada de Maicosuel.
Agora é partir para cima dos bâmbis domingo no Engenhão lotado.
Me desculpem mas estou com os neurônios todos mais destrambelhados que o normal. Foi muito sofrimento.

FOOOOOOOOOOOOOOOOOOGO!!!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Como ser Botafogo e achar que a vida tem jeito

 A superstição e o fatalismo que acompanham os botafoguenses não estão no meu caderno. Jamais me deixei levar por qualquer esquisitice que pudesse ter o mínimo laivo de superstição. É que eu sou a terceira geração de torcedores do Glorioso: meu avô paterno, Chico Albino, de saudosa memória, meu querido e longevo pai, Argemiro, nos seus noventa e três anos, e eu. Por força dessas circunstâncias, ser botafoguense talvez seja coisa de DNA, de carga hereditária, o que pode ser a forma mais irrecuperável de determinismo. Assim, montado nesse histórico pessoal, passei o vírus para meu filho Pedro, que infundiu sua paixão na filhinha Gabriela, de cinco anos, que já frequenta o Engenhão, sabe todos os cantos e, coisa terrível para um avô, arrisca até uns xingamentos, algo impensável há uns tempos. Por aí vocês veem: já são cinco gerações.

Aliás, essa carga genética se espalhou por todos os meus quatro irmãos e por muitos sobrinhos. Vê-se, por isso, que é quase uma condição familiar.
Desta forma, como vou achar que um sinal nefasto, um gato preto, uma mariposa escura, uma galinha preta arriada numa esquina vão trazer alguma complicação para qualquer jogo? Ou, ao contrário, que um amuleto, uma promessa, uma premonição vão portar bom augúrio?
Eu ia muito bem nessa batida, quando se deu o famoso jogo do segundo turno do Campeonato Estadual de 1989, o ano da graça, no dia 7 de maio, contra o time da Gávea. Estávamos no Maracanã eu, meu filho então com doze anos e meu sobrinho Bruno, já com quinze. Ao final do primeiro tempo, em que perdíamos por 3×1, trocamos de lugar, nas antigas cadeiras azuis, a fim de acompanhar o ataque do Botafogo.
Aquela, até então, era uma jornada melancólica, por tudo o que vinha acontecendo em campo. Atrás de nós estavam uns rapazes, talvez um pouco mais velhos que meu sobrinho, vociferando em nossos ouvidos frases como: “Bebeto, humilha ele, Bebeto! Não faz mais gol, não, Bebeto! Tem pena deles!” Nas cadeiras, à nossa frente, duas senhoras, já entradas em anos: uma botafoguense, sofrendo todas as humilhações, e a outra rubro-negra, abusando do direito de esculhambar.
 
Quando Gonçalves fez o gol contra que diminuiu a diferença, me levantei e gritei para os dois jovens:
- Ainda dá tempo! Vocês vão ver! Ainda dá tempo!
Um pouco depois, no lance que gerou o nosso terceiro gol, é que a coisa se deu. Quando Mauro Galvão matou no peito a bola que a defesa do outro time chutou de qualquer jeito, no meio daquela chuva toda, numa noite que teria todos os ingredientes para dar errado, vislumbrei um facho de luz vindo não sei de onde, como a destacar o zagueiro dentre todos os outros jogadores. E olhem que eu nem acredito nessas coisas, mas o que vou fazer?
Tão logo ele botou a bola no chão, pressenti que um lance daqueles não poderia se perder numa partida. Havia nele alguma coisa de transcendental, de sobrenatural, de mágico. Ninguém mata uma bola venenosa daquela, pesada, chutada sem dó nem compaixão, para que ela, logo em seguida, não se transforme num cometa, numa estrela cadente. Mauro Galvão não vivera até aquele momento, não jogara bola com a competência de sempre, para, como um cabeça de bagre qualquer, isolar a bola, atirá-la pela linha de lado, entregá-la ao adversário.
O grande capitão, com a categoria que só os predestinados possuem, lançou a redonda para Vítor que, com habilidade, determinação e iluminação, depois de fazer o diabo na defesa rubro-negra, estabeleceu o empate heroico que nos fez aptos a chegar, depois, ao título de campeões invictos de 1989, após vinte e um anos de sofrimento.
Foi a bola estufar as redes do adversário, para começarmos a pular, a gritar, a urrar, a nos abraçar. A senhorinha botafoguense iniciou uma dança tribal desconhecida, em desagravo a todas as ofensas que ouvira até aquele momento. E, se não me falha a memória, incluiu movimentos pélvicos à sua celebração orgiástica. Parecia possuída! Para não deixar moeda sem troco, brandindo o guarda-chuva que levava, virei para os dois jovens da fileira de trás e gritei com toda a força dos meus ótimos pulmões, escandindo as sílabas, no intuito de que não deixassem de entender, no meio da balbúrdia que se formou, um fonema sequer:

- Urubu, vai tomar na olhota do seu cu, seu filho da puta!
Eles não disseram nada. Estavam apopléticos, sem um pingo de sangue no rosto, transformado numa pasta disforme de expressão. É que tinham visto ali, com várias rodadas de antecedência, o Campeão Estadual de 1989, em toda a sua grandeza.
( Crônica de meu amigo e mestre, Saint-Clair Machado, professor de literatura da Universidade Federal Fluminense. Quem quiser excelente leitura á n blog dele Asfalto e Mato Valeu, amigão!  Zatonio Lahud)

domingo, 11 de setembro de 2011

Botafogo: uma derrota que pode ser abençoada para nós

Após a raiva passar e a decepção diminuir, é hora de analisar o desastre ocorrido com o Botafogo na derrota por 5 x 0 para  Coritiba hoje. Não vou fazer análises individuais, todos jogaram mal, com exceção do Jefferson, que evitou um vexame maior.
Temos um bom time, mas não tão bom quanto estávamos, a torcida e os jogadores, achando. A imprensa começou a babalar o  Botafogo, o Cortês foi convocado para a Seleção, um equívoco, em minha opinião, é um bom jogador mas uma convocação tão rápida acaba tirando o foco do atleta, peguem nossas três últimas partidas e vejam a quantidade de passes fáceis que ele errou; o Fábio Ferreira é um bom zagueiro, mas saiu enxotado do Corinthians por, em certas partidas, jogar sem a seriedade necessária. Como hoje.
Enfim, rogo para que a acachapante derrota sirva para devolver a humildade ao time, o alerta serve para  Caio Júnior- que vem fazendo um bom trabalho, digo de cadeira pois não gosto dele como treinador-, que esta semana andou dando uma daquelas suas entrevistas entremeadas por um certo pedantismo, com ar professoral, meio sobre o babaca, que costuma dar.
Nossos próximos jogos são contra Flamengo no Engenhão e  Grêmio em Porto Alegre- talvez o time mais difícil de ser batido em seus domínios-, creio que aí teremos a justa medida do que pretendemos no campeonato, se disputar o título, vaga na Libertadores ou ficarmos vagando ali entre o sexto e o décimo lugar, que é o que temos feito nos últimos anos.
Acho que seria de bom tom o Loco Abreu, o Renato e o Jefferson , principais líderes da equipe, darem uma chamada na rapaziada e o time volte a jogar com a seriedade e vontade que vinha  jogando. Caso contrário, o precipício é logo ali na esquina...

                                                                   

sábado, 10 de setembro de 2011

Botafogo: o dia em que a Estrela Solitária ressurgiu

A bem dizer,  o Botafogo e eu temos muito em comum, almas gêmeas, até.  Somos meio destrambelhados, capazes de transformamos vitórias límpidas e certas, em derrotas acachapantes e vergonhosas; mas somos também, nós- eu e o Botafogo- capazes de transformamos derrotas humilhantes em vitórias épicas; o impossível, para nós, é sempre mais que possível. Tanto para a maior das glórias, quanto para a mais vergonhosa humilhação. Não temos meios termos, aliás, nem termos temos. Somos tudo ou nada, numa viagem sinuosa entre céu e inferno, sem escalas ou meia medidas. Saímos da mais virtuosa alegria para a mais negra depressão em um átimo de segundo. Nossas estrelas- solitárias, ambas- são tomadas  por imensos buracos negros que se apoderam de nossa luz, nos deixando prostados em dor e vergonha. E quando nossos inimigos acham que nos destruíram, eis que ressurgimos das trevas, altivos, orgulhosos, luz brilhante que os deixa cegos, tontos pelo inesperado da ressurreição, aturdidos, viram presas fáceis e impomos derrotas fragorosas a eles. Mas não os matamos, não somos assassinos, apenas nos vingamos na justa medida.
Mas somos inconsequentes- o Botafogo e eu- não damos o valor exato a nossas vitórias, temos piedade dos inimigos vencidos e, mais das vezes, viramos as costas para eles que, covardes, nos apunhalam. E lá vamos nós de novo rumo ao sofrimento, machucados, exangues, no limite da destruição plena e irreversível. Chegamos ao ponto de ser expulsos de nossa ” Terra Santa”, o sagrado chão de General Severiano, e vagamos durante longos anos , perdidos, humilhados, sem títulos, sem time, sem rumo, sem prumo. Judeus errantes, entregues nas mãos sem piedade de nossos hitleres: urubus, bacalhaus e pós de arroz. Zombaram de nós, espezinharam, machucaram nossa alma o quanto puderam, riram de nossa desdita. Achavam que estávamos mortos, os pobres de espírito, esqueceram-se que História não se mata, como poderia morrer um clube em que jogaram craques como Perácio, Patesko, Carvalho Leite, Heleno de Freitas, Didi, Quarentinha, Zagalo, Amarildo, Manga, Gérson, Leônidas, Roberto, Paulo César, Jairzinho, Nilton Santos, Garrincha e tantos outros, responsáveis pela maiores glórias do futebol brasileiro. Nunca, respondo-vos,e após vinte e um anos vagando, perdidos de nossa estrela-guia, em um 21 de junho de 1989, aos 21 minutos do segundo tempo, noite fria, deu-se o milagre da ressurreição, ela ressurgiu, brilhante, brilho infinito a iluminar o gramado do Maracanã, no exato momento em que Maurício  esticava sua perna direita e enfiava a bola na rede ” deles”. E um rio de lágrimas se formou do lado direito da Tribuna de Honra, lágrimas santas, de alegria incontida, após anos derramando lágrimas de dor e humilhação. O Botafogo reviveu, como sempre e para sempre.

Obs: Dedico esta crônica à memória do Tiziu, amigo querido e botafoguense fanático, já falecido, e primeiro a me abraçar após o gol do Maurício. Não acredito nessa coisas, mas nesse exato momento sinto a presença dele aqui , me dando aquele mesmo abraço de infinita emoção. Saudade, amigo!